Hérnia discal e Osteopatia

A coluna vertebral apresenta-se como a superposição de vértebras separadas por discos cartilaginosos denominados de disco intervertebral (D.I.V).

O D.I.V é constituído por um anel fibroso na sua parte externa e no seu centro por uma circunferência mole, o núcleo pulposo: constituído por 99% de água, agindo como um amortecedor durante os movimentos e cujos movimentos vão hidratá-lo.

Numa vista lateral, a coluna vertebral apresenta várias curvaturas consideradas fisiológicas: lordoses cervicais e lombares, cifoses torácica e sacro-cóccix; de conformidade anatômica própria e concebida às suas necessidades que vão lhes conferir muito mais do que a simples idéia de estática.

A coluna vertebral, constitui uma proteção para a medula e nervos espinhais através do canal vertebral e dos buracos de conjugações, mas que por sua proximidade também pode vir a interferir com esse sistema nervoso. Por outra parte, a nossa coluna suporta o peso do corpo e a nossa cabeça fornece um eixo parcialmente rígido permitindo flexibilidade e serve de ponto de fixação para as costelas, músculos, cinturas pélvicas e escapulares. O raque vertebral tem um papel primordial e preponderante na postura e na locomoção.

A postura de pé, que mantêm o ser humano, predispõe-nos a sofrer problemas estruturais pela pressão que exerce sobre nós, a gravidade  especialmente na coluna e nos discos intervertebrais. Se a isto acrescentarmos, as más posturas, o modo de vida moderno e stress, teremos os ingredientes necessários para sofrer de “dores nas costas”.

Quando falamos de dores nas costas, os pacientes revelam um certo desconhecimento e uma desproporção em relação à hérnia discal.

A hérnia discal ou protrusão discal, é a migração do núcleo pulposo do disco intervertebral através do anel fibroso, consequentemente à degeneração do disco por traumatismo ou envelhecimento. A localização da hérnia discal determinará a zona em que o paciente sentirá dor, perturbações sensitivas ou debilidade. A gravidade da compressão ou da lesão da raiz determinará a intensidade da dor ou dos outros sintomas. Geralmente, as hérnias discais surgem na zona inferior das costas (coluna lombar) e costumam afetar somente uma perna, provocando dor lombar (lombalgia). Em Portugal, 60 à 90% dos adultos já sofreram da coluna lombar, e o último estudo revela que nos últimos seis meses a incidência atingiu 50% dos portugueses, sendo metade originada por hérnia discal.

A hérnia discal exprime sintomas através do mecanismo de conflito disco radicular, ou seja a hérnia discal vai entrar em contato com uma raiz nervosa, por exemplo com o nervo ciático provocando a “famosa ciática” cujo trajeto atinge a coluna, glúteos, pernas e calcanhares; isso porque 60 à 80% das hérnias são postero laterais horizontalmente à proximidade da saída dos nervos do canal vertebral. Formigueiros, entorpecimento dos pés, fraqueza muscular são sintomas frequentes da hérnia discal que também pode afetar a função intestinal, urinária.

É preciso destacar que a pressão exercida sobre um disco intervertebral varia de 20kg/cm2 numa posição deitada, passando por 100 de pé, 150 sentado e 500kg/cm2 numa flexão do tronco, obviamente aumentada pelo levantamento de peso, o excesso ponderal e as lesões que diminuam capacidade de amortecedor.

Hérnia discal e Ciática = Operação  obrigatória?

A resposta é Não ! 80% das hérnias discais curam sem intervenção cirúrgica, a evolução é a diminuição do volume da hérnia e da dor conjuntamente. Por mais estranho que pareça, quanto maior for a dimensão da hérnia, mais rápida será a resorbçao, e por volta de 6 meses.

Hérnia discal e Osteopatia = tratamento eficaz?

A osteopatia tem uma visão global do corpo humano e por isso, uma abordagem lógica, racional em relação às hérnias de disco.

Cerca de 80% dos pacientes podem evitar de ser operados, através de consultas de Osteopatia e diminuir a recidiva dos sintomas à longo prazo.

Sendo um dos princípios fundamentais da Osteopatia intervir na causa dos problemas, o tratamento irá se focalizar na região vertebral que apresentou diminuição de mobilidade. Restaurar a dinâmica local da coluna, aliviará consequentemente os sintomas da herniação e a pressão sobre o núcleo pulposo. Através de técnicas de correção dos corpos vertebrais e no seu desbloqueamento, a mobilidade devolvida provoca uma descompressão da junta vertebral (estruturas anatômicas, músculos, ligamentos) e da raiz nervosa responsável pela sintomatologia.

Técnicas  ditas ”triggerpoints” sobre os músculos, piramidal, e um alongamento do sistema muscular do membro inferior participaram no alivio localmente. Da mesma forma,  um tratamento da aérea visceral diminuirá a pressão anterior do abdômen, e restaurará o equilíbrio entre órgãos digestivos e coluna vertebral, por estarem em estreita ligação.

Diminuir sintomas, aliviar a dor constituem uma primeira parte do tratamento osteopático.

A preocupação resulta em diminuir a reincidência da hérnia discal e seus transtornos, através de reequilíbrios posturais da coluna dorsal e das articulações do membro inferior, tratando as zonas pivôs do nosso corpo, para não interferirem com a estrutura lesada.

Isso também, passa pelo acompanhamento do paciente no seus hábitos posturais de acordo com a profissão, prática desportivos, hábitos com ajudas simples a por em prática:

  • altura do monitor do computador e da cadeira na secretaria
  • inclinação do assento do automóvel
  • adaptação do treino e do material desportivo
  • altura da almofada e estado do colchão
  • dobrar os joelhos para se flectir
  • movimentar-se: correr ou caminhadas, alongamentos
  • consulte um Osteopata devidamente qualificado.

Desta forma, o envolvimento do paciente é primordial e sentindo-se como uma parte integrante do tratamento, demonstra um maior empenho e melhorias clínicas.