A artrose é o desgaste de uma articulação, surgindo principalmente após os 50 anos.
Pode atingir qualquer articulação e várias ao mesmo tempo.
O fenômeno artrósico
As tensões mecânicas repetitivas numa junta articular irá suavemente corroer as cartilagens que a protegem. Com a idade, a capacidade de deslize e de absorção da cartilagem diminuem, o que amplia seu desgaste. Uma vez que a cartilagem se encontra alterada, as pressões nas superfícies articulares irão aumentar, e cuja resposta pelo organismo passa pelo aumento da superfície óssea. Este aumento de superfície de contato traduz-se pelo aparecimento de pequenos “bicos de papagaio”, excrescência óssea que irrita a cápsula (criando uma inflamação) e limitando a mobilidade articular (rigidez).
Maioritariamente, a artrose atinge estruturas articulares de porte (joelhos principalmente, ancas, coluna vertebral): este simples fato evidencia a importância do fator mecânico e estabilidade do organismo. Numa visão simplista e propositadamente caricatural: se limitarmos as pressões e o impacto nas articulações através da mobilidade articular, diminuímos a artrose. Para os peritos em automóvel, uma baixa da pressão dos pneus aumenta o contacto com o piso, ocasionando à longo prazo um desgaste maior do pneumático: é necessário manter um equilíbrio adequado.
As causas
O fator hereditário é uma etiologia que vêm a ser avançada, a idade e a atividade exercida também são condicionantes à ter em conta tal como transtornos articulares no passado sejam eles traumáticos ou patológicos que precipitam o desenvolvimento da artrose.
A artrose provoca dor?
Aqui instala-se para mim uma controversa.
O caráter visual à radiografia serve de causa para explicar a dor e é obvio que transcreve um desgaste da articulação.
No entanto, resumir o aparecimento da dor à presença de artrose é demasiado fácil e simplista. A frase “não há nada a fazer, é artrose” é arcaica.
Vamos colocar o problema de forma diferente: a artrose é quase sempre descoberta de forma fortuita em seguimento à um exame radiológico motivado por uma queixa do paciente. Mas será que 1 mês antes de começarem as dores e os primeiros sintomas tinha artrose? A resposta é claramente SIM, a artrose é um fenômeno degenerativo que se desenvolve em anos e não em dias. Por isso a artrose não é sinônimo de DOR, nem é uma sentença de dor até ao fim da vida e uso de anti-inflamatório!
Se formos ainda mais longe, acredito que o número de pacientes com artrose e sem dores é significativamente superior às articulações artrósicas com dor.
Para não interpretarem mal as minhas palavras, não estamos à minimizar a artrose nem os sintomas do pacientes.
Agora é evidente que a artrose diminui as capacidades do corpo a lutar contra uma crise aguda e compensar mecanicamente as adaptações posturais. É também óbvio que a artrose é um fator precipitante da dor e que em lesões severas mantenha a dor e predisponha à ciáticas, bursites ou tendinites.
Mas antes de chegar ao extremo onde a única explicação da dor é a artose, é possível complementar o tratamento por várias abordagens de mobilidade, estabilidade, compensações com goteiras ou palmilhas de forma à minimizar o número de crises, os sintomas e melhorar o dia a dia.
Esta retórica também se aplica às hérnias discais que já abordei.
A presença de hérnia discal não provoca obrigatoriamente dor e a reciprocidade também é valida: um lombalgia não é sinônimo à 100% de hérnia discal !
Tratar a artrose
Em todos os casos, é recomendado e incentivado que consulte o seu médico para a realização de exames complementares e para adaptar uma medicação terapêutica: anti-inflamatório, glucosamina, condroïtina … aliás porque o osteopata não é nenhum curandeiro nem milagreiro.
Devo-me também realçar que o seu médico é a pessoa indicada para lhe receitar complementos ou medicamento para a artrose, apesar das publicidades de produtos miraculosos diariamente na televisão (produtos da tv aos quais me pronuncio sem carácter de julgamento).
No meu papel de Osteopata, não existe um protocolo ou receita perfeita contra a artrose.
É necessário manter a mobilidade articular especificamente à cada paciente, com todas as restrições de idade, profissão, histórico clínico…
Como já explicamos, no cotidiano as nossas posturas e movimentos transcrevem-se no corpo em ligeiras fixações articulares, estiramento dos ligamentos, encurtamento dos músculos, etc… O raciocínio é de contribuir à estabilidade do esqueleto, juntamente com a mobilidade muscular de maneira à reduzir os atritos e pressões nas articulações.
Torna-se evidente no meu ponto de vista, e sou incansável neste tema, que a complementaridade das especialidades é fundamental: é fácil perceber que o excesso de peso na artrose é um fator favorecedor, o/a nutricionista é importantíssima. O paciente com 10 kg a mais do que o seu peso ideal, é cerca de 30 à 40 kg a mais nas articulações em determinadas posições.
Outro exemplo é a deformação do pé com a idade, criando uma base de suporte menor para o corpo e provocando instabilidade e apreensão na marcha: a podologia é um fator preponderante igualmente.
Está claro que o ortopedista e reumatologista são fundamentais ao mesmo titulo que o personal trainer do ginásio, o monitor da hidro ginástica, o professor de yoga ou pilates tem que se envolver no tratamento e prevenção.
Nota: a Osteopatia não se substitui à consulta do seu médico e ao uso de medicamentos.
Este artigo representa somente a nossa opinião e experiência.